A modelo e frentista Tainara de Jesus Santos, de 19 anos, disse que não guarda rancor das pessoas que fizeram comentários racistas após ela vencer um concurso de beleza em Jataí (GO). Entre as postagens nas redes sociais, alguns usuários ofenderam a jovem e a chamaram de "macaca".
"Não tenho ressentimento e não tenho rancor, nem penso nelas. A única coisa que eu faço é toda vez que vou dormir orar e pedir a Deus para iluminar as cabeça delas", revelou.
Um homem já confessou à polícia ter feitos comentários racistas contra Tainara. A investigação busca ainda localizar outras duas suspeitas.
Tainara pontua que superou a discriminação e acredita que o que ela chama de "escândalo" acabou repercutindo de uma forma diferente do que se imaginava.
"As pessoas [autores dos comentários] achavam que iriam me prejudicar de alguma forma e felizmente não conseguiram. Tudo isso fez foi me levantar, me ajudar. Foi o efeito contrário. Essas pessoas não acreditavam que isso ia acontecer", pondera.
Cólicas no 'Encontro'
Na última segunda-feira (09/11), Tainara foi convidada novamente do programa Encontro com Fátima Bernardes, da TV Globo, onde recebeu as fotos de um ensaio que ganhou. Porém, ela passou mal e por pouco não pôde participar.
"Senti muita cólica nos rins e já estava passando mal quando ainda estava em Goiânia. Cheguei ao Rio de Janeiro, tomei um banho e dormi. No outro dia, cheguei a tomar remédio, mas cheguei ao Projac e a dor foi aumentando. Mas me medicaram e deu certo de entrar no finalzinho", explica.
A modelo disse que a participação no programa gerou uma repercussão muito grande e que ela já foi reconhecida e recebeu cumprimentos quando estava no aeroporto prestes a voltar para Jataí.
"Está sendo muito satisfatório e gratificante, estou muito feliz. Desde o escândalo do preconceito, minha vida mudou a partir daquele momento. Só coisas boas aconteceram, pessoas especiais. Só tenho a agradecer a Deus e os jataienses pelas mensagens carinhosas", diz.
Agora, ela procura uma agência para poder trabalhar e seguir o grande sonho de infância, que é a carreira de modelo.
Preconceito na infância
A jovem se emocionou quando participou pela primeira vez do "Encontro", no último dia 29 de setembro. Na ocasião, ela chorou ao lembrar-se da primeira vez que foi vítima de preconceito, ainda na infância.
“Um diretor de escola não queria que eu estudasse por causa da minha cor. Eu tinha seis anos e dói muito ficar lembrando o que eu passei”, afirmou a jovem, emocionada.
Tainara relatou que, por conta desse tipo de situação, sonhava em ter um futuro diferente. “O meu pensamento quando era criança era de virar adulta, crescer, e fazer uma cirurgia para ficar branca. Vê se pode uma criança de seis anos pensar isso?”, lamentou.
Fonte: G1 Goiás 
